segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Sólid(o ou N)ão.


Na cena um de um ato sem nome
Vivendo dentro de filmes
Dentro de perfumes
Desacordada
Deflorada

Esperando encontrar
No meio da madrugada
No meio do vazio

Alguém que me acorde
Alguém que não me conheça
Alguém que me espanque
Alguém que me mate
Até que eu amanheça
Alguém que me faça sentir algo
Algo que me faça esboçar uma expressão real
Algo que me falta.
Dor
Ódio

Esperança?
Escapada de meus olhos
Fundos
Vazios
Sem preenchimento
Fundos de olheiras e ausência de sonhos
Fugindo de uma força inexplicável da falta do que não sei dizer.

GOTAS


Gotas caem apenas uma vez
Gotas caem para afagar rostos
Para lavar pensamentos
Para dilacerar descontentamentos e despertar sorrisos

Gotas caem apenas uma vez
De nuvens carregadas demais por um ciclo
Cada uma delas por um motivo, em ritmo que se completa
Encerrando um interminável rito, um dia sem riso

Só queria que lhe despertasse me abraçar sem motivo
Só queria apagar o grito, não gritado por interminável odioso conflito

Gotas caem apenas outra vez, para umedecer as lágrimas que não caem
De tão costurado que está este falso sorriso.

sábado, 14 de setembro de 2013

RELATOS ANÔNIMOS DE AMOR E ILUSÃO


Ouço tua voz mansa que me cala
Quando meus pensamentos inquietos
Atordoam a mente, que ininterruptamente fala

Balançando, na insegurança sutil e hostil
Vivendo na ilusão de um dia feliz, de um amor febril
Doendo no dia de acordar, minha mente cansa atada em um nó
Sabendo que em um momento há de esvair, e novamente eu é que fico só

Não sei bem aonde ir, não sei bem o que é melhor
Não desejo possuir, não me importo de estar só,
Mas jamais irei sorrir por depois de me entregar
Prontamente volto a ser um transeunte a caminhar

Sei, sabes, sabemos, que em nosso outro mundo ocultado
Existe algo maior em nossa carne, em alma e plano elevado
Algo além de todo cinza urbano, deste plano, inferno ingrato
Mas se teu amor é anonimato,  o meu de novo cai em temores

Já que o peso de outras dores, insiste em me derrubar
Volto a correr, volto a me perder, volto a me encontrar
Sozinha ouvindo tua canção, abraço minha solidão
Lembrando doce de nosso amor na escuridão

Me perguntando se o que vivo é real ou ilusão.  

terça-feira, 10 de setembro de 2013

FLOR DE LIS



Um dia uma menina de olhos curiosos
Me ensinou a fazer grandes bolhas de sabão
Viajando em um fusca amarelo, cantando com o coração
Me ensinando hinos, ensinando seus passos amorosos em canção


A infância revivida em seus ondulados loiros e esvoaçantes
Em seus sonhos flutuantes, rodopiando pelo ar
Nas lições de cada dia, no chá de avenca, na poesia
Flor de Lis a todos nós a muito veio ensinar

E eu que fadas quis a ela mostrar, no gramado, no luar
e ela mesmo sem notar, me coloca logo a refletir
Sobre como eu poderia mostrar uma fada e seus encantos
há alguém que sem saber, em sorriso e seu próprio brilhar
Assim como a pequena dourada é tão fada quanto.