Sátiro do sol e cachos dourados, que vai e vem e responde o meu adeus, eu cansada, voltando
procissando pra montanha revelo meu segredo desejando passear com seu galope a mata, seu segredo violado tendo aquele meu medo de você descobrir sei lá quantas poesias rabisquei te observando silenciosa como um jogo de cama de gato mental sem você nem saber o quanto o som atravessava minhas entranhas pelo jardim. A unirio tem esse poder escroto de ser o pior e o melhor lugar do mundo na mesma sentença elitista, com o mesmo cheiro e cores explodindo pela sua música que parece mais toda uma cascata de fogo. Já nem sei o que estou sentindo, talvez medo de nem saber quem você é, se ser geminiano é um segredo do ar que eu não compreendi ou porque se eu sei algo de mim é que tenho uma habilidade inconfundível de dar péssimas primeiras impressões falando alguma estupidez sem querer ou engolindo a minha voz. Pois que eu cale seus lábios antes de partir com calor ou apenas cante uma cantiga de amigo, pois aceitaria ser sua amiga mulher se pudesse te ouvir mais uma vez antes de ir na montanha, isso nem é poesia nem texto, mas um fluxo contínuo e insone de tudo aquilo que ainda não tive coragem de dizer, mas algo sai antes de eu partir, porque...
domingo, 4 de dezembro de 2016
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
Foda-se, deixa estar
Foda-se, deixe estar.
Acho até que gosto desse mistério
Desse envolvimento livre e som
Tom e vontade de compor calado
Desse calor despertado. Do silêncio
A noite fria de Junho e meias
Aquecendo as canelas roçando
Piras inesquecíveis de fogueiras
Cantarolar e tocar já é bom e pronto
Verdade é o gosto mistério das
letras
Tão carregadas desses ensaios sofás
Esquentando seus dedos e canelas
Cigarros, cafés e pontas secretas.
Fodas pela sala de estar.
(13/06/2016)
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
CORTAM AS PERNAS DO POVO
Tudo é nada de novo
Silêncio caindo poço
Caos pós fogo e o resto
Dos braços correntes
Caminhando pela gente
Sem lutar o povo
Engole o mesmo osso
Sem o caminhar próprioda nossa mente
COZINHA PSICODÉLICA JANIS MARIA JOPLIN ARÊAS E CIA
Aquela vibe transcendental meio campo de santana grama e lama
depois daquela noite passada de fogueira txai índio ashinikando a cura
e são joão xangô menino no metrô e na trovoada tocando os doces bárbaros
adocicando os vagões lotados de corações e pessoas
Virando a noite e pela manhã de luz, luar e grama
maconha e campo de santana abrindo a chama
Janis Joplin cantarolando Maria cozinha e amor
Eu imaginava se o woodstock era tão diferente
E a tropicália assim tão doce ou tão distante
Lembrando como era aquele tempo, do golpe 2016
Imaginava a gente ali na escola ocupada
1 mês ou uns quarenta anos atrás
ouvindo ali piscianamente aquela voz
sit there, count on your little fingers
my unhappy little girl blue
Naquele junho velho e cinza
Frio Rio de Janeiro diferente
dos raios quentes do início solar
Que Oxalá vem transformar
Mas mesmo assim de lá pra cá
o que uma garota azul triste cantou
ninguém lutando ainda transformou
Peço que o sol venha transmutar
depois daquela noite passada de fogueira txai índio ashinikando a cura
e são joão xangô menino no metrô e na trovoada tocando os doces bárbaros
adocicando os vagões lotados de corações e pessoas
Virando a noite e pela manhã de luz, luar e grama
maconha e campo de santana abrindo a chama
Janis Joplin cantarolando Maria cozinha e amor
Eu imaginava se o woodstock era tão diferente
E a tropicália assim tão doce ou tão distante
Lembrando como era aquele tempo, do golpe 2016
Imaginava a gente ali na escola ocupada
1 mês ou uns quarenta anos atrás
ouvindo ali piscianamente aquela voz
sit there, count on your little fingers
my unhappy little girl blue
Naquele junho velho e cinza
Frio Rio de Janeiro diferente
dos raios quentes do início solar
Que Oxalá vem transformar
Mas mesmo assim de lá pra cá
o que uma garota azul triste cantou
ninguém lutando ainda transformou
Peço que o sol venha transmutar
BICHA, BICHO, EU BIXA NA CIDADE
Foram dias livres, dias leves, onde a forma das coisas naturalmente
aparecia ali desistente, sendo irônico ouvir a problematização teórica
da formação da burguesia, como um discurso que eu bem devia dominar
Não domino pela mesma ausência instável de moedas que financiam discurso
Sendo a rua mangueante meu ônibus e motor, mambembe ou historiador
passo apressada e levando luz, passo o corredor, mas devendo a conta de luz
Queria era largar o motor sociedade e ser bicho ali outra vez
onde sem precisar de Marx ou Thoureau o capital não existiria mais
voltando aquela velha paz de uma comida que brota assim do chão
aparecia ali desistente, sendo irônico ouvir a problematização teórica
da formação da burguesia, como um discurso que eu bem devia dominar
Não domino pela mesma ausência instável de moedas que financiam discurso
Sendo a rua mangueante meu ônibus e motor, mambembe ou historiador
passo apressada e levando luz, passo o corredor, mas devendo a conta de luz
Queria era largar o motor sociedade e ser bicho ali outra vez
onde sem precisar de Marx ou Thoureau o capital não existiria mais
voltando aquela velha paz de uma comida que brota assim do chão
Sol e Fada Mulher
Tua fragilidade me assusta
me da uma vontade calma
de abraçar e esquecer a enguia
que sem cor me engolia
para lavar o rancor
do lado esquerdo da alma
(09/05/2016 - ocupação)
PULSOS
Aqueles olhos avulsos
Falando pelo espaço
Explicam o impulso
Silenciosos cacos
Cortados dentro
Do fio dos pulsos
Concha
Carangueijo andando para trás
Vê se desfaz essa couraça
Não se protege não
Não quero te possuir
Só quero sorrir
Embalada no seu violão
(V.N)
Mel
Você abriu uma cascata de arte
Dentro de meu íntimo céu e
parte
Roubando o marte sorriso e mel
Tão forte quanto a picada da abelha
Florescendo um poema que você esqueceu
(V.N)
[LIBRA]
[LIBRA]
Nossas balanças se cruzaram
Equilíbrio místico, interna
criança
Idosas bruxas, corvos e corujas
Tempo além da lembrança.
MULHER DIABO
MULHER DIABO
Sou
mulher diabo
Sujeira
de rato
Desejo
infinito
Jogado
no ralo
Porque
te embalo
De
medo e saudade
Pois
pela liberdade
Não me calo.
A Lua, as Estrelas e o Mar
A Lua, as
Estrelas e o Mar
Os portais
helênicos dos arcos profanos
Do telles às
barcas são portas de encontro
Vejo a moça Lua
brilha luar, vem Luna e Marina
Aquela menina
capricorniana, feita de terra e mar
As estrelas de
meu caminho, mundano sozinho a negar
Convites
helênicos de suas poesias, desenhos e mancias
A me embriagar na
flor da ambrosia, magias do ar
Meu cantarolar,
de poucos instantes, mulheres bacantes
A admirar um mar
feminista, eu malabarista, fugindo dos homens
Por tempo e
salivas, beijando as feridas, tocando o seu mar
FESTEJOS DE BACO
FESTEJOS
DE BACO
As flores astrais
nos ouvidos
A caminho dos
festejos e ritos
Devotos de Baco,
secos e molhadas
Corações de fogo,
de saias e miçangas
Proteções
profanas dos filhos do teatro
Sozinha às onze
horas, por ruas perigosas
Ouço a voz
melodiosa e amarela das ciganas
Que por vielas
humanas traz carona e caravanas
Noite das bacantes e profanas, todas as filhas devotas
(Festa da ETET
Martins Penna, Abril de 2016)
Dançarina do Fogo
Lembro de quando te desenhava
Pelo conto lápis do canto do
olho
Caíam aqueles fios densos e
negros
Nos ombros desenhavam seu fogo
Chama e guerra de seus olhos
Amendoados como um oriente
Seu coração é consciente
Percebendo os laços de fogo
Terras Novas, Águas Velhas, Terceiro de Vênus
Terras Novas, Águas Velhas,
Terceiro de Vênus
Carangueijo lânguido, leão de
águas como as dela
Seus incensos queimam a troca
de nós oceanos
Sexo aquático que escondíamos
pelos anos
Pois seu olhar assustava minha
sutil esfera
Como a maré escorpiana, foges o
menino luar
Pois tanto medo de me machucar
teme iludir
eu por aí a me divertir sem
medo de me deleitar.
(Abril
de 2016, V.N)
EVA MAÇÃ
Eva Maçã
Lembro-me também de você,
mulher e corvo
Feitiçaria cigana, libertina
moderna e profana
Lembrando tantas vidas que as
ancas ainda doem
Hoje sois como uma irmã, de
alma e de sombra
Banhando nas águas da cachoeira
e montanha
Teu corpo a meu lado se
retraindo na música
Querida pela minha alma,
libriana livre e libertina
Que nos sonhos me invade a
ferida de desejar-te tanto
Sei que lá nos vemos, sei que
esqueceremos
do que em outros tempos fomos
pela velha sina
Mas em nenhum tempo, triângulo
de ervas a dentro
Sem medo do agora e do aqui,
sei que por inteiro
Por nenhuma vida esqueci seu gosto
e seu cheiro
Pois quando cigana, galopei
anos como teu cavaleiro
Quando libertina fui teu
cortesão, amor e escudeiro
E quando feiticeira te levei
pela mão, pelos moinhos
Levando-te por todos os caminhos do povo pequeno
Quase provaste aquele veneno,
que mel para mim
Acorrenta-te sem fim àquele meu
mundo de elementos
Lembro teus olhos negros
mirando o abismo da realidade
Sinto e vejo estas memórias
invisíveis
que aqui seguem indizíveis como
irmã
Pois sei que a sua lua terra é
um pouco fria
E fujo pela ventania da sua eva
maçã.
Centauro Cartomante
Que todos os seres místicos que
cruzaram meu caminho estejam escritos
Lembro então do segundo fogo de
vênus, centauro tocando um violino
Para que eu chore as canções
velando a morte de Bowie pelos sete ventos
Cantigas medievais e lamentos
de poucos dias paqueteando seus ritos.
Sátiro do Sol
Pergunto-me por que esquinas mais
do universo nos esbarraremos?
Correndo com nossos papeis
interpretando aquela cena do acaso
Que é encontrar alguém. Mesmo
quieto e absorto no magnetismo.
Real que ali deixado, nunca
deixo de vibrar neste seu musical silêncio
Que mesmo quando calados,
aquele milissegundos de troca de olhar
Queima quando prontamente em
pontas pelo jardim chega a me salvar
Tocando o universo repentino e
sem fim de provar o som de seus dedos
CAOSESFERA
Demônios
que moram na esquina
Do canto de meu
olho e fogem
Quando
antecipo seus passos
De quina pintada
e fotografia.
Ode Saudosa à Costa do Mar
Solteira e livre,
sozinha a lua dançando nua no Rio de Janeiro
Mapa gostoso e
cruel de pessoas intensas que chegam e partem
Barca portal na
praça número XV para Niterói além mar das bruxas
Envolvida pelo nó
complexo e simples, aprisionada pela liberdade
A bruxa de câncer
e cartas, beijava meus lábios com calma profunda
A intensidade das
águas, o leão e seu fogo dança labaredas e inunda
Suas silhuetas de
gestos e sorrisos, saias de cigana, altares e livros
Fizeram-me
esquecer do perigo, largando meu vestido, azul para voltar
Naquele universo
escondido de seu quarto sereno e seus olhos de mar
Mas sei que a
cigana que é couraça sua deseja apenas uma aventura
E há muitas
constelações para te mostrar ainda assim pela loucura
Que é a lucidez e
magia de estar ao seu lado, com ou sem a pele crua
(Para N.C)
Madeixas de espuma
Madeixas
de espuma
A fome fala grave
como uma voz dolorosa
Que grita intensa
e consome toda a pólvora
Apagando o fogo
das forças sem alimento, a alma chora
Mudo-me para
dentro de um novo mergulho sem medo da chegada hora
De morrer no
intento de sonhar no palco sem medo da morte que é divina porta~
Apaixono-me pelas
esquinas, olhares que se perdem
Suavizam doces
águas profundas lavando leve
O sal de Netuno,
sêmen e espuma,
fertilizada no útero do mar
madeixa de espuma
A Sepente, O Cavalo, A Coruja e o Corvo
A
Sepente, O Cavalo, A Coruja e o Corvo
A Mulher que ouvia Joni
Mitchell e Lisa Thiel por toda a noite a meu lado
Visitando seu lar secreto,
canceriana doce e singela, guerreira e donzela
Sua magia é um doce que tem
gosto umedecido e terno feminino de luar
Queria sim te ninar como uma
criança, recitando cânticos, movendo danças
Ouvindo o mel água de nossas
vozes doces vibrando a força de outras eras
Avançando nossas guerras para
as Deusas e para as feras como boas devotas
Ah se os moços de câncer fossem
como essas doces e selvagens filhas da lua
Mas a água é um mistério que
assim pela fruta pele caminha e se transmuta
No fundo azul marinho de
estrelas e vinhos, dos nossos antigos céus interiores
Queria provar-te o céu da boca,
te levar ao céu das moças bebendo seu néctar
Mas meu maior desgosto é que
ficamos nós duas nunca nuas e atrás de moços
Então renega os peixes pelo
aquariano, sem cair o pano das ciganas a galopar
Queria ouvi-la cantar, chamo
seu tambor, venusiana sexta que vem amanhã
Queria vê-la sorrir, aconchegar
a maçã do rosto, provar desse gosto outra vez
Talvez até sentir que nosso
corpo se permite o mergulho sem medo de cair.
(N.C)
Cachoeira, Argila e Mel
Cachoeira, Argila
e Mel
Água de Cachoeira pelo meu corpo
nu
Invisível Separação entre eu e
a montanha
O barro e o mel sobre a pela
nas águas de Oxum
O prazer sobre água gelada
cortante que é a vida
Sátiros de fogo guiam pelas
rotas da floresta
Vejo um filho de áries com um
gavião sobre os ombros
Seus olhos fogo são um poço de
perigo que conheço bem
Enquanto eu abdicaria de todos
os sátiros se ela quisesse
Mas sei que a guerreira que
cavalga a meu lado conhece
O olhar aventureiro de alma
cigana que serpenteia os galopes
Sei que sem permanência são as
intensidades dos poucos dias
Que junto dela troco as cartas
e as dores, os beijos e as flores
Os amores queimando sem
medo no fogo do altar.
(31/03/2016 - N.C)
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
memento
não seja oprimida
não seja resumida
não seja magoada
não seja rivalizada
e se derem ferroada
solte mel e amor
se liberte da dor
seja sempre ouvida
seja sempre bonita
da cabeça aos pés
quando você quiser
como você é
E se alguém disser
que você é louca
mal da sua roupa
e que não te ouça
Saia logo de roubada
se encha de liberdade
de amor e felicidade
caminhando sua estrada
não seja resumida
não seja magoada
não seja rivalizada
e se derem ferroada
solte mel e amor
se liberte da dor
seja sempre ouvida
seja sempre bonita
da cabeça aos pés
quando você quiser
como você é
E se alguém disser
que você é louca
mal da sua roupa
e que não te ouça
Saia logo de roubada
se encha de liberdade
de amor e felicidade
caminhando sua estrada
não
Tive uma crise de amigdalite e fraqueza lendo a pec241
Acho que a garganta se inflamou das verdades não ditas
Acho que conseguiram tremer minhas estruturas e certezas
Talvez o medo tenha se instaurado nas bases de meu chão
Queria que meu corpo acompanhasse a minha mente
Queria me unir nas ruas lutando firme por nossa resistência
Essa perseguição demente da população desfavorecida, mas
A cada dia é um rango a menos, são cassetetes cuspindo violência.
A cada dia é um aluguel atrasado, uma luz cortada e lugar nenhum
Uma nova mudança, cortina de gás lacrimogênio, nem mais comida.
A cada dia é um aluguel atrasado, uma luz cortada e lugar nenhum
Uma nova mudança, cortina de gás lacrimogênio, nem mais comida.
Tive uma crise de amigdalite na crise da garganta do povo, não dita
E a cada dia tem mais crise, mais dívida, mais cansaço, mais doença
mais contas para pagar, que não às dívidas para com a consciência.
Tive medo e uma crise dentro da crise das desistências, torci os dentes
Milhões de medos, de temer, querer fugir e a tremer suando doente
Decidi por não desistir, mas se tudo ruir rogo apenas por remédios de
Resistência
E a cada dia tem mais crise, mais dívida, mais cansaço, mais doença
mais contas para pagar, que não às dívidas para com a consciência.
Tive medo e uma crise dentro da crise das desistências, torci os dentes
Milhões de medos, de temer, querer fugir e a tremer suando doente
Decidi por não desistir, mas se tudo ruir rogo apenas por remédios de
Resistência
quarta-feira, 15 de junho de 2016
Matheus,
Fica aquele livro do Huizinga
que eu nunca terminei de ler
que ia me ajudar a resolver
todo esse caos conhecimento
revólver pólvora acadêmico
tentando saber e sobreviver
Ali entre os corredores
censurávamos nossos olhares
Ali entre os corredores
fumávamos um cigarro
ou cigarros.
Sempre te observava muito chapada
e sempre censurava minhas vontades
talvez as suas
Eu sempre sorria de lado
fumando calada sem saber
sentindo uma conexão esquisita
que eu censurava pelo medo
Daqueles corredores.
Assim eu me impedia de viver
qualquer romance e manter
o pão de cada dia e a cabeça no lugar
E agora eu olho aquele livro
todo empoeirado do Huizinga
sabendo que você morreu
e que não vamos viajar
nem fumar um no jardim
ou mesmo trocar uma ideia
fumar um cigarro
realizar no trago
aquele beijo que talvez
aqueles mesmos corredores
sempre censuravam
talvez pelo medo de ferir alguém
ou me ferir.
Agora só fica o medo de nada
porque enquanto eu sumia
enfiada plenamente no teatro
eu me afogava e desabafava
no seu cigarro pela última vez.
E pela última vez conversamos
sem eu saber te contando planos
todo aquele caos político rodando
E todos aqueles panos e papos
e coisas que você me ensinou
em poucas salas, falas
naqueles mesmos corredores
que criavam barreira e caos
dentro de mim
Não serão mais
do que aquele outono
medieval e triste
no canto da estante.
Não poderá ser mais
do que aquele nosso
último cigarro.
Aquele livro que você emprestou
Para eu ler um capítulo sobre morte
que eu talvez não consiga nunca mais ler.
que eu nunca terminei de ler
que ia me ajudar a resolver
todo esse caos conhecimento
revólver pólvora acadêmico
tentando saber e sobreviver
Ali entre os corredores
censurávamos nossos olhares
Ali entre os corredores
fumávamos um cigarro
ou cigarros.
Sempre te observava muito chapada
e sempre censurava minhas vontades
talvez as suas
Eu sempre sorria de lado
fumando calada sem saber
sentindo uma conexão esquisita
que eu censurava pelo medo
Daqueles corredores.
Assim eu me impedia de viver
qualquer romance e manter
o pão de cada dia e a cabeça no lugar
E agora eu olho aquele livro
todo empoeirado do Huizinga
sabendo que você morreu
e que não vamos viajar
nem fumar um no jardim
ou mesmo trocar uma ideia
fumar um cigarro
realizar no trago
aquele beijo que talvez
aqueles mesmos corredores
sempre censuravam
talvez pelo medo de ferir alguém
ou me ferir.
Agora só fica o medo de nada
porque enquanto eu sumia
enfiada plenamente no teatro
eu me afogava e desabafava
no seu cigarro pela última vez.
E pela última vez conversamos
sem eu saber te contando planos
todo aquele caos político rodando
E todos aqueles panos e papos
e coisas que você me ensinou
em poucas salas, falas
naqueles mesmos corredores
que criavam barreira e caos
dentro de mim
Não serão mais
do que aquele outono
medieval e triste
no canto da estante.
Não poderá ser mais
do que aquele nosso
último cigarro.
Aquele livro que você emprestou
Para eu ler um capítulo sobre morte
que eu talvez não consiga nunca mais ler.
quarta-feira, 4 de maio de 2016
Você é um mistério de verdades estranhas que me dá muito medo
e já estou tão cansada que provavelmente só saio correndo cantando
de soslaio, porque a música vale mais que o meu coração violento.
Atores de teatro são os seres mais assustadores, assim tão cheios
de facetas como todas essas minhas faces. Correndo pela veia sangue.
São mistérios assustadores que perpassam os seus dedos nos meus
fios de cabelo, são tantas coisas que me enchem de medo olhando
o mar nervoso como uma criança da montanha.
Acho que senti suas pernas enroscadas tantas vezes essa manhã que
elas continuam marcadas nas canelas. Acho que estou assustada, pois
sei que nada disso deveria estar acontecendo dentro de mim.
Quero correr de tudo que você me causa, só quero sentir o seu cheiro
de madrugada, me chamando de vez em quando para matar o desespero
com música, desejo e fumaça. Santa Maria vai unindo em cada esquina
esse nosso desejo violento, tenho medo do que suas águas me causam
por dentro, mas essa inquietação artística que dilacera o meu peito faz
valer qualquer marca ou sofrimento. Deixa passar então toda essa água,
deixa a menina descer sangue, florescendo mulher aqui dentro.
e já estou tão cansada que provavelmente só saio correndo cantando
de soslaio, porque a música vale mais que o meu coração violento.
Atores de teatro são os seres mais assustadores, assim tão cheios
de facetas como todas essas minhas faces. Correndo pela veia sangue.
São mistérios assustadores que perpassam os seus dedos nos meus
fios de cabelo, são tantas coisas que me enchem de medo olhando
o mar nervoso como uma criança da montanha.
Acho que senti suas pernas enroscadas tantas vezes essa manhã que
elas continuam marcadas nas canelas. Acho que estou assustada, pois
sei que nada disso deveria estar acontecendo dentro de mim.
Quero correr de tudo que você me causa, só quero sentir o seu cheiro
de madrugada, me chamando de vez em quando para matar o desespero
com música, desejo e fumaça. Santa Maria vai unindo em cada esquina
esse nosso desejo violento, tenho medo do que suas águas me causam
por dentro, mas essa inquietação artística que dilacera o meu peito faz
valer qualquer marca ou sofrimento. Deixa passar então toda essa água,
deixa a menina descer sangue, florescendo mulher aqui dentro.
Filtro dos Sonhos
esse teu malandro de olho tampado
esse sorriso de lado me dilacera
Arrancando-me de mim com sede
sem tempo de tirar as roupas quando saciado
Era bicho-fera da mata, mas feito de água
cantando nas folhas para os Deuses mantras
O verde da ahyuasca brilhou em sua testa
eu aqui pensando quem sou eu nessa festa
As vezes odeio esses encontros
com essas almas que já conheço
o que sinto é tão inexplicado
que não sei se vale o preço
então prefiro só
te dar.
um filtro dos sonhos
esse sorriso de lado me dilacera
Arrancando-me de mim com sede
sem tempo de tirar as roupas quando saciado
Era bicho-fera da mata, mas feito de água
cantando nas folhas para os Deuses mantras
O verde da ahyuasca brilhou em sua testa
eu aqui pensando quem sou eu nessa festa
As vezes odeio esses encontros
com essas almas que já conheço
o que sinto é tão inexplicado
que não sei se vale o preço
então prefiro só
te dar.
um filtro dos sonhos
terça-feira, 3 de maio de 2016
Cortam a passagem
cortam minhas asas almas
esses estalos tecnológicos
de toques de celular
cortam minhas ideias
O que sobra do gosto
da rua esparramada
pela calçada gosto
de falta e secura na
garganta
Cortam as falas
lotam as ruas os
cavalos obscuros
metropolitanos de
cacetetes cravados
Estalam suas trotadas
pela estrada dos estalos
sonhos das pessoas que
ainda ocupadas seguem
o pão circo jantar
cortam minhas asas almas
esses estalos tecnológicos
de toques de celular
cortam minhas ideias
O que sobra do gosto
da rua esparramada
pela calçada gosto
de falta e secura na
garganta
Cortam as falas
lotam as ruas os
cavalos obscuros
metropolitanos de
cacetetes cravados
Estalam suas trotadas
pela estrada dos estalos
sonhos das pessoas que
ainda ocupadas seguem
o pão circo jantar
terça-feira, 26 de abril de 2016
O Carangueijo e os Peixes
Essa tua música tão brasileira
tocando na cabeceira de Maria da Graça
Jogou-me na tua graça de menino água
Eu que brincando na ribanceira
de me lançar na tua fumaça
ao amanhecer no caminho da praça
penso na noite descendo a ladeira
Menina de água e de mágoa
desapega do balanço da cadeira
que esse menino é mais solto
que as folhas que voam na fumaça
Lembra do entrelaço de águas
de línguas cruzadas na barreira
que fincado no encontro
fez da lembrança cachoeira
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
VADIA LOUCA
Vadia louca
cantou na rua
dançou na lua
pois liberdade pouca
não censura minha pele
nua.
cantou na rua
dançou na lua
pois liberdade pouca
não censura minha pele
nua.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
Mala Perdida
Um velho instrumento
sem dono nem alça
frangalhos costurados
couro velho e lágrima
Era para ser uma pessoa
mas foi feita mala
jogada de lado a lado
furada era sua canoa
Afundava assim por rios incertos
Sem extintor para conter o incêndio
fugaz de um coração sem rumo
Mochila nos ombros descobertos
Não tinha passagem além de ida
Não tinha local de largada
Era para ser uma pessoa
Foi tornada uma mala perdida
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