sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Caixa de Pandora


CAIXA DE PANDORA


Meus olhos quentes derramam ácido
Enquanto Pandora ri a beira da escada
Desaurida e sem alma, após ter aberto a caixa que havia em meu corpo

Demônios esvoaçantes voaram rindo, voando junto de minha lucidez
Perdida, desaurida, caminho gargalhando e choramingando em embriaguez
Com aquela pequena alma me perseguindo, mostrando sempre uma nova lembrança

Morra Pandora com sua caixa amaldiçoada de ilusões
Lave meu pensamento e lembrança embora com os demônios livres,
Leve meu corpo e minha alma, meu sangue e minha carne, liberte-me de emoções
Pois não há nada senão poeira em meu coração esmigalhado.
Como migalhas deste torpe pão, levada aos corvos que alimentam minha podridão.

Abra Pandora, o último pedaço de meu coração
Abra sem piedade até que ele pare
Abra meu espírito e minha carne
Abra novamente a caixa
Me enjaule em minha própria solidão.

ESCREVER






ESCREVER










Você segue uma trilha da qual não pode voltar
Acelera afirmando que tenta parar
Sorri insana quando tenta gritar


E espalha cinzas para fora ao inalar fumaça
Engolindo a queimadura em estilhaça
do vidro refletido na imagem da própria desgraça
Fugindo sem sorrir, chorando para rir
Desenhando um teatro em energia gasta
Muito maior no espelho refletido do que na realidade torpe

Corre desesperada criança
Obcecada pelo teatro obsceno
Retorcendo na própria insegurança.

Desesperadas, desauridas, desencontradas
Tentando chorar, rir e correr
Tentando encontrar uma maneira de saber

Quem eu deveria aprovar, quem eu deveria ser

Eu simplesmente preciso escrever
Eu não posso parar de escrever
Incessantemente,
Incansavelmente
Eternamente.