sábado, 7 de novembro de 2015

O Tolo

Zero é o fim
início da metade
Caos e infinito
destroços da idade

O tolo zerado
sem nem um fiasco
diante do penhasco
seu matulão amarrado

Não é o enforcado
não quer contato
com a corda da idade
nem com a realidade

Atravessa o mundo
fiel escudeiro
seu cão companheiro
chamado segundo

Ladra o eterno
segurar do penhasco
salvando o tolo terno
nos cactos que masco

Voltados a beira
e o céu estrelado
explodiu a Estrela
pelada no riacho

Contou-se a esperança
Retomada a dança
de cortar da balança
a morte de um borracho

Zerando em sua conta
caminhou em afronta
semblante sofrido e esmero
mastigando capim

Sem ser exilado
admira a queda
da marcada esfera
vermelha carmim

Na vontade acredito
Caos e infinito
início da metade
Zero é o fim

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Canção à Morrigan (em construção)



Chega o fim caminhando
pesados passos da guerreira
fios chumbo de cabelos negros
ribanceira de corvos urrando

Queimo a madeira  minha
de duas décadas e mil anos
Adeus aos pudores que tinha
dos velhos pesos mundanos

Lutemos juntas dama da morte
teus abutres trazem sorte
leve as feridas lave-as no rio 
afina o fio da espada e corte

cicatrizes evocam o inverno frio
soa o trotar pesado dos cavalos
chega o crepúsculo vazio
rompe a noite dos antepassados

Joga sobre os olhos teu manto
tua fúria fogueira  revitaliza
aquece-me afagando o pranto
Devolvendo a luz na saída

Jogue os anos sobre os espólios
ainda deixados pela batalha
jogue fora a faminta migalha
substituída pela fartura de teus olhos

Nos alimente no frio
das entranhas da morte
trilha-me um dia a sorte 
de nadar além deste rio