terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Cordas



CORDAS



Me amarro em cordas



Em cordas de aço
Em cordas invisíveis
Em cordas de segurança


Respirando gasolina, correndo em cordas contadas
Cordas de sapatos desamarrados
Cordas de saltos infantis
Cordas que amarram minhas verdades


Me amarro em cordas
Cordas vocais, engolidas em minha garganta
Cordas de verdades, cordas de mim
Cordas de contenção de euforia


Me amarro nessas cordas vocais
Engolindo todas as verdades que me sufocariam
Me pendurando em um edifício de cordas
De segurança falha para amarrar a mim mesma.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Refazem médios para a cura de Lou


Refazem médios para a cura de Lou


Sussurrando paredes em aceleração constante
Contando instantes, lendo estantes
Ofegando pelos corredores ela pisa na chuva
A indomável cura de nossas almas                                                                                                                                                                                   
Ela se agarra a sua prece
Enquanto o muco da alma é retirado                                                                                                           E a maca maquia o enfermo                                                                                                       Enquanto o coquetel a entorpece

Alarme toca: Retomar cura
Circular, branca impura
Primeiro Comprimido
Efeito comprido, colateral: secura
Cápsula laranja: energia empurrada
Tomar um copo d’água insone
A cura de Lou segue com fome
Conforme insaciada.
Não surte efeito, não resta nada

Trajado em tarja sem nomear cor
Enfim o último deleito
Será que surte efeito?
Não responde nada.
Alarme toca: E o efeito é morte, não teve sorte.
.Entretanto para Lou o contrário
Pois apenas em seu obituário
Não lhe resta nada, já que para Lou
Finalmente está curada

A Cura (Pt.1)


A Cura (pt. 1)



Beirando o abismo Eu busco a cura
E cismo encontrar a procura
E novamente encontrar-me
Com Lou.
De Lou
Na sala de espera vejo as cores de seu rosto que vão se desvaindo
No vão. Dançando em listras negras e vermelhas,
Entorpecem-me em fosco 
Perguntando-me se
Ainda estou
Caindo?  

Sujeira


SUJEIRA

Como as solas de sapatos abaixo das pessoas
Sinto passos desfigurarem o chão
Sou o nada em seus pés
Sou seus calos e o pulsar do seu coração

Sou o rosto de políticos nos panfletos
O chiclete pisado no asfalto
A goma que cospem no solo
Sou a vida morta com que cria teus fatos

A destruição que clama por paz
Sou o ódio em teus olhos
Sou a faixa de gaza que se faz

Sem eira nem beira
Eu sou a poeira
Sou teu lixo e tua sujeira

JULIE


JULIE


Ela caminha pela madrugada sozinha, unhas roídas, cabelo bagunçado, maquiagem borrada e roupas em farrapos.
Tudo parecia um grande carnaval em cores lúcidas e gritantes diante de seu choro estilhaçado
Nome.
Já caminhas distante, em seus sapatos coloridos
Uma vez sozinha, de mãos dadas consigo
Ladeiras abaixo de seus pés, cachos em seu rosto
Yara solitária cantarola aos marinheiros lúgubres
Jugular soluçando pelo frio, chamando o fio
Ora sozinha às irmãs perdidas
Largadas no mar do desconhecido, de outro útero
Inimigas de nascença
Escórias da mesma semente
Júbilos do mesmo choro
Untadas na mesma solidão
Levadas pela mão embora
Ignoradas, separadas, esquecidas
Jazem separadas por pais
Uma vez quebradas
Lavam cicatrizes desconhecidas
Irmãs desconhecidas, desaparecidas, partidas
Entregadas ao reencontro da maturidade.