quarta-feira, 4 de maio de 2016

Você é um mistério de verdades estranhas que me dá muito medo
e já estou tão cansada que provavelmente só saio correndo cantando
de soslaio, porque a música vale mais que o meu coração violento.
Atores de teatro são os seres mais assustadores, assim tão cheios
de facetas como todas essas minhas faces. Correndo pela veia sangue.
São mistérios assustadores que perpassam os seus dedos nos meus
fios de cabelo, são tantas coisas que me enchem de medo olhando
o mar nervoso como uma criança da montanha.
Acho que senti suas pernas enroscadas tantas vezes essa manhã que
elas continuam marcadas nas canelas. Acho que estou assustada, pois
sei que nada disso deveria estar acontecendo dentro de mim.
Quero correr de tudo que você me causa, só quero sentir o seu cheiro
de madrugada, me chamando de vez em quando para matar o desespero
com música, desejo e fumaça. Santa Maria vai unindo em cada esquina
esse nosso desejo violento, tenho medo do que suas águas me causam
por dentro, mas essa inquietação artística que dilacera o meu peito faz
valer qualquer marca ou sofrimento. Deixa passar então toda essa água,
deixa a menina descer sangue, florescendo mulher aqui dentro.


Filtro dos Sonhos

esse teu malandro de olho tampado
esse sorriso de lado me dilacera
Arrancando-me de mim com sede
sem tempo de tirar as roupas quando saciado

Era bicho-fera da mata, mas feito de água
cantando nas folhas para os Deuses mantras
O verde da ahyuasca brilhou em sua testa
eu aqui pensando quem sou eu nessa festa

As vezes odeio esses encontros
com essas almas que já conheço
o que sinto é tão inexplicado
que não sei se vale o preço

então prefiro só
te dar.
um filtro dos sonhos



Não é poesia

terça-feira, 3 de maio de 2016

A minha autocrítica tem
feito calos nos meus dedos
e um vazio nos meus sonhos
fez um buraco no céu

Cortam a passagem
cortam minhas asas almas
esses estalos tecnológicos
de toques de celular
cortam minhas ideias

O que sobra do gosto
da rua esparramada
pela calçada gosto
de falta e secura na
garganta

Cortam as falas
lotam as ruas os
cavalos obscuros
metropolitanos de
cacetetes cravados

Estalam suas trotadas
pela estrada dos estalos
sonhos das pessoas que
ainda ocupadas seguem
o pão circo jantar
De ponto a ponto te encontro
de ponta a ponta um sorriso
não sei se disso tanto preciso
mas nesse riso aceito um chá