Tentando brincar de poeta digital. Experimentar outras linguagens é sempre bom, um dia aprendo mais.
quinta-feira, 27 de junho de 2013
SOBRE FOTOS RASGADAS DE 62
(Achei uma foto de um casal rasgada no lixo em frente a um hospital psiquiátrico de Petrópolis em 2013 e fiz um poema tentando imaginar a história por trás da foto rasgada no lixo, apaguei a foto dos desconhecidos por questões de direitos autorais desconhecidos)
Aquele casamento falso entre nós dois
o cheiro de champanhe com crianças jogando arroz
era apenas outro dia em 1962
Nas bodas arranjadas pelos pais dos dois
E ainda assim me entreguei àquela tonteria
desabrochando flores de um bouquet em romaria
e quarenta anos depois cortei lembranças deste dia
Em pranto e transe em uma sala de psiquiatria
Em uma manhã cinza e fria, onde os sabiás cantaram
De laranjeiras pairaram, como no dia em que o vi
Com seu terno, guiando cavalos, diante de carros caros
Em meio ao caos em minha mente eu nunca o esqueci
E em transe, seu doutor, me calo, e em hipnose paro
Lhe implorando de esquecer a dor, de apagar a cor,
pois na sorte de um disparo, perdido em desamparo
Em um instante ele se foi, sem adeus em desamor
E antes de acabar a consulta, me leve até a sepulta para ver o meu amor
Que em 50 anos de insulta, de casamento, dor e multa
Com charutos e fotos, ainda lembro de seu olhar sonhador
Apague-me a memória seu doutor, e jogue fora nossos anos
Desapega os meus enganos, permitindo em minha cura abandonar a dor
Sem tarjas da consulta, sem plano, sem insulta
Sem ler a própria bula, só lhe peço, seu doutor
Mesmo que eu esqueça minha bula, me permita andar na rua
Sem memórias, sem sentir sozinha, essa minha interminável dor.
SUICÍDIO MUSICAL
SUICÍDIO MUSICAL
Só sustenindo o dó
Sem ré para seguir o par
Um gole de nota maior para acordar, e sorrir
Porém tardiamente menor a noite vem caminhar
LentaMente em rostos perdidos, com a tonalidade a cair
Rostos vagueantes sem rumo aparente
Eloquente pelo caminho de meu fim
Esperando enfim, algo que nem sei explicar
Uma dose de álcool, um cigarro, um tossir de pigarro
Uma dose de roda e realidade em engrenagem
Quem tenha a coragem necessária para me matar.
TERRENO BALDIO
TERRENO BALDIO
Sob os destroços de um terreno baldio,
os tijolos estilhaçados se despediam do teu cheiro ao meio fio
e em adeus forçado evito aquele caminho, de memória e vinho
onde assombrada evitava o caminhar
E ao jurar, falsamente, que esqueci, retomei a rota que evitara
E em surpresa um arrepio me para, fazendo o reconstruir de um derradeiro,
Já que pelo terreno baldio inteiro, me volto a transbordar sem beira,
pois uma casa de madeira ali é reconstruída
Como o sonho de partida, que era teu e em mim o fez,
Volto-me novamente destruída, sentimentos em derradeira
Como lenha da lareira que queima em meu sonhar outra vez
Sigo em frente sem poder parar, me perguntando se um dia
poderia ter tudo aquilo que o mundo me faz lembrar,
pois a cada dia que creio te esquecer
o mundo me força em pedaços a te presenciar.
domingo, 23 de junho de 2013
EXPLODIR ESTRELAS
EXPLODIR ESTRELAS
Estrelas caiem queimantes, ardendo aceleradamente como passos
em direção oposta
Estrelas caiem do céu em gritos agudos, em explosões de
vidas entrepostas
Permitindo ouvir cada passo invisível por de trás de uma
madrugada fria
Dos fantasmas infiltrados em gélidos toques que ninguém via
Rumando pelas vielas, olhando para trás em meio à rua vazia,
Sobre estrelas em braços de quem jamais me sentia
Estrelas caiem do céu sob o verso em que ali escrevia
E ao pico explosivo do brilhar de outras estrelas passeantes
Admiro a luz que cai prata sobre orvalhos verdejantes,
E sob a memória de teu olhar frio e sonhos inconstantes
Estrelas caiem sob um fio de nossos sonhos errantes,
Amantes do tempo, em segundos de teus intocáveis instantes
Sigo a admirar o
brilho de estrelas em memória do que era esquecido
Sabendo que o brilho que sigo, pode a milhares de anos ter
se tornado pó
Pois a distância em anos luz cria ilusão de brilho, explodindo
em poeira,
Arrancando um fio são de uma nota inteira, em um universo
tocado em dó,
E sigo só, ao admirar o cair de uma estrela, que pode não existir,
Tão longínqua que ao se esvair explodiria sem mostrar-se por
dentro
E em meu próprio tempo, em meu ano luz me esvaio sem poder
sorrir,
pois a cada estrela que ruir, em seu brilho torpe grita explosiva
que me lembro.
floyd feelings
THE GREAT GIG IN THE SKY UPON THE REVOLUTION
Em construções de miragem sobre um caminho torto
Tropando em viagem de expiações
Os passos cansados de guerra doentia, a maré que seguia
um fluxo impermeável
Os passos desfigurados seguiam um fluxo circular de
golpe e revolução
Os passos perdidos se encontram ao chão
E após refletir em existência, em coesa e simplória
consciência
Jogo-me novamente
ao mundo em espontaneidade
Em uma mesa de bar me deixo a vontade, esquecendo um
pouco da fervência
Sentindo mais da inconsciência febril de uma juventude tardia
Que grita fria finalmente por nova resistência
Sem desistência me jogo ao som, ao encontro de um brilho
em outro tom
De cores e vozes indefinidas, de lábios e toques em
matéria desprendida
De cigarros esvoaçantes sobre a bondade e malícia misturada de estranhos
Em canho e canto, pelo encanto de um show que pouco
lembro
Jogo-me ao realento de um novo encontro
Enquanto em pouco percebo e me atento
Que finalmente liberto em outro ponto
Em um sonho lúcido de derretimento, me desatento
Realinhando um grito anteriormente preparado e pronto
Acordo de um show no céu ouvindo os gritos a dizerem que
me lembro
Lembrando de cores vívidas em ponto, do sonho em que me atento
Eu tento, jogando no intento em que me encontro
E finalmente salto desprendida do próprio desprendimento
E flutuando me parto e parto em humilde agradecimento
por aquele breve e marcante encontro.
quarta-feira, 5 de junho de 2013
C#
BLUES EM 4 VERSOS (C#)
Um dia só, sustenindo o dó
Canto sem luz e encontro o blues
Chorando eu só apago a luz
Arrancando seu paletó.
Um dia só, sustenindo o dó
Canto sem luz e encontro o blues
Chorando eu só apago a luz
Arrancando seu paletó.
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