terça-feira, 11 de dezembro de 2012
CAMÉLIA
CAMÉLIA
As alas de entrada fugiam da capela enquanto a dama envenenada sofregava em prantos dentre o musgo.
Em uma abertura de jardim interno à moda de Roma.
Um anjo de pedra se molhava levemente ao ritmo acentuadamente acelerado da chuva. Ela podia ouvir ressoando em seus pensamentos, o som era a trilha perfeita gritando pela capela em sua mente.
O som de órgão ecoava por ambos os jardins internos daquele palacete a moda romana.
Rastejando em meio a lama, lodo e sangue se esgueirava soluçando com a chuva. Camélia sabia que estava sozinha em cada nota ressoada na capela pelo som lúgubre e terno do órgão.
Rastejando e imaginando se novamente ele invadiria seu palacete invisível a moda guerra.
Entrou na capela em artilharia de lágrimas com aquela cacofônica melodia ressoando em tubos.
Ninguém estava lá além da poeira sobre o órgão da capela a moda romana.
Colheu o violino em cameratos passos e tocou notas fúnebres em lamento, após incendiar a capela em sofrimento, morreu admirando o fogo a moda Nero.
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Burning Trees
BURNING TREES
Olhos como árvores queimando
Há chamas em seus olhos, até mesmo quando choras
Pequena criança caótica dançando com as labaredas no caminho
Aquele olhar repleto de buracos negros, ele disse
Pouco depois de dilacerar seu corpo em puro fogo;
Ela sorriu e repetiu, como árvores queimando, é a cor de seus olhos.
Queimava seu rosto pela manhã, chorando às seis horas
Com lágrimas quentes de chama, roubando a energia ígnea da sujeira que fizeram
Corria, corria incessante daquele Teatro-tragédia
Daquele café amargo pós-foda traumática
Roía, roía o resto de unhas e dedos que sobraram
Amargo café, chorava em fogo ardendo às seis da manhã
Desviava os olhares com medo de enxergar através
As chamas das árvores podiam ler pensamentos
A árvore queimava para dentro do outro podendo roubar sua alma
Revirava em olhos brancos a cada palavra, vendo o último ato
Desviava olhares, mas acendia isqueiros para olhar o fogo
Dois olhos em fogo tem chance de encontrar um no outro
Dois olhos em um colapso se chocam
Dois olhos se queimam e se destroiem
Seus olhos, como árvores queimando.
Olhos como árvores queimando
Há chamas em seus olhos, até mesmo quando choras
Pequena criança caótica dançando com as labaredas no caminho
Aquele olhar repleto de buracos negros, ele disse
Pouco depois de dilacerar seu corpo em puro fogo;
Ela sorriu e repetiu, como árvores queimando, é a cor de seus olhos.
Queimava seu rosto pela manhã, chorando às seis horas
Com lágrimas quentes de chama, roubando a energia ígnea da sujeira que fizeram
Corria, corria incessante daquele Teatro-tragédia
Daquele café amargo pós-foda traumática
Roía, roía o resto de unhas e dedos que sobraram
Amargo café, chorava em fogo ardendo às seis da manhã
Desviava os olhares com medo de enxergar através
As chamas das árvores podiam ler pensamentos
A árvore queimava para dentro do outro podendo roubar sua alma
Revirava em olhos brancos a cada palavra, vendo o último ato
Desviava olhares, mas acendia isqueiros para olhar o fogo
Dois olhos em fogo tem chance de encontrar um no outro
Dois olhos em um colapso se chocam
Dois olhos se queimam e se destroiem
Seus olhos, como árvores queimando.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Caixa de Pandora
CAIXA DE PANDORA
Meus olhos quentes derramam
ácido
Enquanto Pandora ri a
beira da escada
Desaurida e sem alma,
após ter aberto a caixa que havia em meu corpo
Demônios esvoaçantes voaram rindo, voando junto de minha
lucidez
Perdida, desaurida,
caminho gargalhando e choramingando em embriaguez
Com aquela pequena
alma me perseguindo, mostrando sempre uma nova lembrança
Morra Pandora com sua
caixa amaldiçoada de ilusões
Lave meu pensamento e
lembrança embora com os demônios livres,
Leve meu corpo e
minha alma, meu sangue e minha carne, liberte-me de emoções
Pois não há nada
senão poeira em meu coração esmigalhado.
Como migalhas deste
torpe pão, levada aos corvos que alimentam minha podridão.
Abra Pandora, o
último pedaço de meu coração
Abra sem piedade até
que ele pare
Abra meu espírito e
minha carne
Abra
novamente a caixa
Me
enjaule em minha própria solidão.
ESCREVER
ESCREVER
Você segue uma trilha da qual não pode voltar
Acelera afirmando que tenta parar
Sorri insana quando tenta gritar
E espalha cinzas para fora ao inalar fumaça
Engolindo a queimadura em estilhaça
do vidro refletido na imagem da própria desgraça
Fugindo sem sorrir, chorando para rir
Desenhando um teatro em energia gasta
Muito maior no espelho refletido do que na realidade torpe
Corre desesperada criança
Obcecada pelo teatro obsceno
Retorcendo na própria insegurança.
Desesperadas, desauridas, desencontradas
Tentando chorar, rir e correr
Tentando encontrar uma maneira de saber
Quem eu deveria aprovar, quem eu deveria ser
Eu simplesmente preciso escrever
Eu não posso parar de escrever
Incessantemente,
Incansavelmente
Eternamente.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Rostos Vazios Vagam Sem Dizer Nada
ROSTOS VAZIOS VAGAM SEM DIZER NADA
Vago sozinho nesta cidade
na catedral vagam vagabundas e androgenia
Carros caros vagueiam, mas nas calçadas de uma padaria
Sem pão dorme ao chão o vagueador de avançada idade
Vaga sozinha a brisa que o faz tossir
E a insônia de pedra dura que não o deixa dormir
Sobre o jornal mais quente que seus trapos
Onde lê intrépido aos fatos
Mais gelados que sua tremente pele cansada
Sem moedas para a quente cachaça
Que sozinha aquece a morte fria
Perdida pela hipocrisia pacata
De uma sociedade que não conhece hipotermia
E ao vago alvorecer branco
Não acordo em pranto
Mas pronto:
Para partir desta vida ingrata e sem cria.
Dedico essa poesia aos moradores de rua da cidade de Petrópolis.
Fernanda Lyra
Dedico essa poesia aos moradores de rua da cidade de Petrópolis.
Fernanda Lyra
domingo, 22 de julho de 2012
GEMINI
GEMINI
Apaixonei-me pelo luto
Pelo morto dissoluto
Meu amante do invisível
Por quem clamo ser mútuo
Desencarnado me desencana da carne
Só teu espírito me afaga, e tua voz é nula
Companhia morta que nunca me chama
Mas que em pensamento me acompanha
Doce
geminiano, não houve luto familiar
No outro mundo não se pôs a chorar
Pois sem conhecer-te sinto-me perto
E em tua memória me desperto, o chamo
Sem saber teu nome, sem saber tua lápide
Sem olhar teu físico, sem tua memória
A ti conheço mas que os vivos
Só pelos teus livros, só pelo teu grito
Apaixonei-me pelo morto de alma similar a minha
Ora doce e
voraz, ora daninha
Em nosso
espectral encontro o amei de pronto,
Mais do que a própria vida que tinha.
SUJEIRA
SUJEIRA
Como a solas de sapatos abaixo das pessoas
Eu sinto passos desfigurarem o chão
Sou o nada em seus pés
Sou seus calos e o pulsar do seu coração
Sou o rosto de políticos nos panfletos
O chiclete pisado no asfalto
A goma que cospem no solo
Sou a vida morta com que cria teus fatos
A destruição que clama por paz
Sou o ódio em teus olhos
Sou a faixa de gaza que se faz
Sem eira nem beira
Eu sou a poeira
Sou teu lixo e tua sujeira
Desconstrução/Detrospecto/Destrospectiva/D
Desconstrução/Detrospecto/Destrospectiva/D
Desde
Deste D dedico
De desejos dilacerados
De dias doces, de dúzias de desejos
Docemente degustados, dos desangustiados
Das dores. Dos dias desanimados, dos desalentos,
Das derrotas, das desistências, de dúvidas, desamores,
Dos doces denegados,duelos desafiados, doenças
Desacelerados, desalmados.
Desde Doze de Dezembro
Desde dez das doze
Desde 2012
sexta-feira, 20 de julho de 2012
Dores de Garganta
Cansei de sentir dores de garganta
Cansei de engolir a doença em hiatos
Descendo e dilacerando em putrefatos cacos
Corroendo meu corpo podre, me deixando em trapos
Aliviando toda minha temperança.
Cansei de sentir dores de garganta
De engolir verdades vomitadas
De engolir carícias forçadas
Engolindo todo o pus de mentira, estuprada
Cansei de engolir toda podridão contada.
Em sacos de esperança
Cansei de sentir dores de garganta
Sem mel ou fel para aliviar a culpa
Cansei da insulta, repudiada, e em falta.
No entanto:
Cansei de sentir dores de garganta.
Pois em pranto grito aliviada.
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