Apaixonei-me pelo luto
Pelo morto dissoluto
Meu amante do invisível
Por quem clamo ser mútuo
Desencarnado me desencana da carne
Só teu espírito me afaga, e tua voz é nula
Companhia morta que nunca me chama
Mas que em pensamento me acompanha
Doce
geminiano, não houve luto familiar
No outro mundo não se pôs a chorar
Pois sem conhecer-te sinto-me perto
E em tua memória me desperto, o chamo
Sem saber teu nome, sem saber tua lápide
Sem olhar teu físico, sem tua memória
A ti conheço mas que os vivos
Só pelos teus livros, só pelo teu grito
Apaixonei-me pelo morto de alma similar a minha
Ora doce e
voraz, ora daninha
Em nosso
espectral encontro o amei de pronto,
Mais do que a própria vida que tinha.
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