VELHO TRANSEUNTE
Bicicletas, carros, ônibus
Em tráfego e maresia
O centro é a poesia
De cacofonia orquestrada
Carros e pedestres sem estrada
Em buzinas dissonantes
Passos desfigurantes
Em tráfegos exaltados
Rostos se quer olham ao lado
Há sempre um perambulante escravo
Escravizado por se perder sem sorriso
Há sempre um perdido em gritos
Constantemente engolidos e desgastados
Ninguém vê o senhor da calçada
De olhos cansados que faltam calma
Ninguém ouve sua mágoa
Que de esmolas se sente farto
Muitas vezes o ouvir basta ao senhor
Muitas vezes o sorrir afasta a dor
Matando seu incansável estrago
Pois o enxergar de sua luta,
que é tão raro quanto o mais sublime pranto,
é enfim um manto,
a maior gorjeta por sua labuta.
a maior gorjeta por sua labuta.
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