quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Muro
Alucinações andam pelos buracos
Empoçadas canções em embriagos
Ninguém a ouvir o som rasgado
O roco engolido de cem encarnações
Sagrados eram os dias
Sangrados em agonia
Que largada em carne fria
Em trapos floridos te esperei
Arranquei o medo de mostrar
E em minh'alma te adentrei
Em meio a mata, banhada em luar
Que nela em terra farta me enterrei
Logo se foi como pétala
Atado em qualquer sela
de um cavalo sem rumo
Trotado nos passos dela
E como um trapo sumo
Tragando em vermelho fumo
Novos tijolos em meu muro
Voando em vento inseguro
Agora que em pulsares acordo
E quebro as pedras da injúria
Agora que adormece a fúria
Perdoando ainda recordo
Deitada na grama brilhante
Entregue ao berro lancinante
Receios corroem a parede
construída no frio constante
O frio da lembrança
Que mesmo criança
Ainda arde o furo
Ainda esfria meu deleite
No gelo construído de meu muro
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