segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

NÔMADE


Olhava os barcos na água enquanto me preenchia da brisa costeira
Meu choro de água salgada, na janela perdida naqueles instantes
Enquanto me afundava na  banheira, a sempre afogada errante
naquele apartamento ou lar antigo na rua Marquês de Abrantes

Minhas moradias são meros instantes, de passagem e grito
A alma nômade é caminhante, meu peito é apenas bagagem
Com círculos retorno pela mesma viela, na roda fortuna do rito
Meus olhos cansados de caminhar ganharam mais idade

Os motivos que a este círculo me prendo a caminhar
As raízes que eternas me fazem prontamente voltar
Podem se perder em erva daninha da montanha,
pois eu continuo a nômade estranha, abandonada e só a voar

E nesse meu caminhar errante o destino me faz curva
pois o suor de minha labuta, me envelheceu no lugar
da esperança absoluta de que tudo sempre irá retornar
E sem pertencer a nenhum lar no fim a roda sempre joga
No eterno passo perdido, no peso duro de meu caminhar

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