segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Fiz um baralho do meu baralho

Eu tenho suprimido a escrita, tenho suprimido meus sentidos em estranhos desenhos a lápis por longos silêncios estranhos. Conversas sozinhas com o tarot. Respostas solitárias do inconsciente. Uma figura tão pequenina disforme erguida no topo de muitos degraus onde todos a cercam de um jeito agressivo, descendo um a um a pequena figura se jopa dos cinco degraus de ouros até o abismo. Um rei de copas cansado cuja taça a muito estraçalhada no chão já não significa nada. Depois o tolo, o mesmo rei de copas, porém a espada que antes fincada na cabeça e apontada a sua própria coroa dourada, com a coroa caída ao chão já mira aflito o próprio estômago, o estômago e não a cabeça. Há que se olhar para o estômago. Tábuas estranhas dos segredos contados por estranhas cartas de baralho em um desconcerto mecânico. Onde as silhuetas de ambos ou todos senta só sobre uma pedra de costas, mirando as estrelas e um arco íris na hora das nove copas que nunca chegam. Aprendi a desenhar um tanto porque as palavras as vezes simplesmente somem quando já não se há nada a dizer ou contemplar além dessa carta. Uma rainha de copas de olhos cegos e tristes que já não vê ou tão pouco sente e uma rainha de ouros a olhá-la de longe tendo que enxergar na melancolia da outra todo o peso de seus ouros. Depois a mesma moça de olhos tristes e cinco taças derramando o mesmo líquido quebrado pelo chão. Líquido derramado até uma tábua onde ela se dispa, sem nada, abraçando o próprio corpo em uma redoma de vidro ornada de cinco pentáculos de proteção e distância.

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