(No improviso de uma canção, eis que surge esta letra).
Um dia, um homem
com um chapéu de palha e um corvo nos ombros
Sorriu, mas não conseguia rir
O Corvo pode agourar
O corvo voando pelo luar
O soturno caminhar
Eu caminho sozinho e a estrada parece falar
Eu não tenho destino, eu não tenho lugar
Vou encostar sobre a pedra, colocar um chapéu
Apagar a ideia
Eu vi um corvo levar a morte de um lar ao alvorecer
Eu vi um bebê cair e morrer, sem respirar, pouco antes de entender
Eu vi nesse lugar um corvo levar, gente além de mim, de você
Levar além de um portão, mas ninguém conseguia ver.
Encostado no chão, eu vi ele levar, eu vivi em minha solidão
Na morada de um sem lar, sem entrada para além do portão
"O velho de olhos, olhos virados e chapéu de palha"
Sem saber se estou morto, me encosto abaixo das asas do corvo
Nas asas do corvo que carrega o morto, que transforma o corpo,
Muito além do corvo, assim voa o corvo, assim voa o corvo,
assim leva o corpo, a leva do porto, a leva do porto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário