domingo, 7 de setembro de 2014

Basil

Meus mistérios acabam aqui
Aonde quem tem olhos para ver
que espiam aqui, podem me ler,

Ninguém mais além do transeunte
que carrega garrafas pesadas de memórias
Carregando as cicatrizes de histórias,
em palavras jorradas como sangue ao escrever

Queria conseguir deixar palavras em teu vento
Viajando, sozinho na multidão como o meu destino
como os dentes-de-leão que sopro ao relento
Lendo alguém que em desatino, vê meu brilho e dor
Em meio ao ardor, em palavras infantes ao escurecer

Tristemente em  pavor, retorno a compreender o passional Basil*
Frágil artista, querido pintor, que apenas o podre ousou entender
Tal como Basil que ao retratar Dorian encontrou a exaustão do ser
Mesmo sem querer, minha obra é presa em alma ao sátiro ardiloso
Ao meu negro e tardio carnal amadurecer

A este que cuspiu e pisou, dançou e voltou
na valsa dos mortos, não pude permancer
Pois tal como o retrato, sei que se em fronte estivesse
admirada pelo egoísmo, em um silencioso abismo
Restaria-me apenas perecer



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*Basil, personagem de The Picture of Dorian Gray, na edição em português de 1980 foi traduzido como Basílio, mas preferi manter aqui o nome original.


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