quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Carta Vazia Vira Poesia

Carta Vazia Vira Poesia

Olá amigo da cidade cinza
que voa ao sentir a brisa
do cigarro e da silenciosa ira
que alivia nosso esquecimento

Queria ter cimento, para trancar
a porta da lembrança, recalcar
Implodir a memória afiada
a  história presa e sem fiança

Queria o apagar febril
da enorme semelhança
Que tuas palavras em lembrança
são como as do Sátiro de Abril

Queria esquecer essa obsessão pueril
Esse eterno martírio e sofrimento
Por um caos esquecido pelo tempo
Que ainda arde no fundo de meu pensamento

Queria escrever uma carta para dizer
o porque sou tão esguia e voraz
queria expressar, melhor escrever
o motivo de eu ser tão fria e incapaz

Pois minha inconstância me arrebata na balança
E vejo outra pessoa, trancafiada na figura
Lavando-me em secura, olhando-me da proa
Do esquecimento de minha lembrança

Mandaria-te uma carta, mas o que dizer?
quando eu mesma tranquei o rosto do outro
Sem saber ao certo o que me incomoda
Tranquei até esquecer, voltei sem rota

E esta carta então eu não envio
Em poesia desvio a carta de desculpa,
Pois meu real motivo é culpa
Que afirma o medo de lembrar do vazio

Nenhum comentário:

Postar um comentário